Sabem quando estão tão cheios de alguém, que o mínimo passo, a mínima palavra, o mínimo gesto já vos irrita? Eu tenho tanta, tanta, tanta, mas tanta coisa entalada na garganta que encheria um camião tir de palavras. E isto consome-me a alma. Deixa-me de rastos. Parte-me o coração. Eu preciso tanto de explodir que já tenho pesadelos sobre isto. Mas não posso. Eu não posso permitir-me explodir porque prejudicaria duas crianças lindas que em nada são culpadas. Eu não posso. E resta-me pensar para mim própria, imaginar-me a dizer tudo o que quero dizer, perceber se realmente estou a pensar certo, vezes e vezes sem conta, como uma cassete riscada. Resta-me praguejar para o ar para que o meu querido Zé-ninguém me oiça e se remeta ao silêncio, porque sabe que já não tem mais nada a acrescentar, que já ouviu tudo o que tinha a ouvir e já falou tudo o que tinha a falar, dando-me apenas o conforto da sua atenção para que eu possa aliviar esta tensão e não explodir com quem devia explodir. Mas não posso. E isto deixa-me cansada, de rastos, pequenina e com uma vontade de chorar daqui à lua.
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