Numa conversa com uns senhores e uma senhora, - propensos à filosofia - deparei-me a debater o que raio define a nossa identidade. As unhas dos pés? Os pêlos do nariz? Os risquinhos na palma das mãos?
A coisa parece mais séria que isto, meus senhores, visto que divagámos durante quase três horas e saímos de lá como burros a olhar para um palácio.
Compreendamos a memória como a nossa base, a nossa história, a nossa narrativa de vida, pois que sem ela nada saberíamos acerca de nós, correcto? Então poderíamos afirmar que a memória é a nossa identidade, claro que num sentido intimo e pessoal, pois cada um tem única e exclusivamente a memória de si. Contudo, imaginando um panorama drástico e terrível em que se perde a memória por completo. Quem sou eu?
Uma pessoa, é claro, mas com um vazio enorme, sem nome, sem pais, sem ex namorados, sem o dia em que entrou na universidade e sem a licenciatura que tirou, sem a bebedeira que apanhou no último dia de secundário, sem as peripécias daquele festival de verão super marado, sem o momento em que a irmã a apanhou aos beijos com um rapaz na sala, sem o teste de matemática em que tirou negativa e sem o teste de história em que tirou 100%, sem os jogos do «beijinho, beijão ou chapadão» da primária, sem a lembrança da chucha ou do biberão, sem nada.
Claro que numa situação destas há sempre o outro, que podem ser os pais, o esposo, as amigas, que nos contam muitas destas situações, mas o outro é sempre o outro. Por mais intimidade que o outro tenha connosco, não é a nossa pessoa. Não é o conjunto de todos os acontecimentos da nossa vida. Sem memória deixamos de ser quem fomos? O que é que realmente define a minha entidade?
Uma pessoa, é claro, mas com um vazio enorme, sem nome, sem pais, sem ex namorados, sem o dia em que entrou na universidade e sem a licenciatura que tirou, sem a bebedeira que apanhou no último dia de secundário, sem as peripécias daquele festival de verão super marado, sem o momento em que a irmã a apanhou aos beijos com um rapaz na sala, sem o teste de matemática em que tirou negativa e sem o teste de história em que tirou 100%, sem os jogos do «beijinho, beijão ou chapadão» da primária, sem a lembrança da chucha ou do biberão, sem nada.
Claro que numa situação destas há sempre o outro, que podem ser os pais, o esposo, as amigas, que nos contam muitas destas situações, mas o outro é sempre o outro. Por mais intimidade que o outro tenha connosco, não é a nossa pessoa. Não é o conjunto de todos os acontecimentos da nossa vida. Sem memória deixamos de ser quem fomos? O que é que realmente define a minha entidade?
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